quinta-feira, 16 de abril de 2009

Casa Frugal

A idéia de uma nova casa simples, capaz de unir funcionalidade e conforto, beleza e economia, humor e eficiência, existe faz tempo. Nos grandes centros, gente com mais informação do que dinheiro passa ao largo dos cânones da casa burguesa e ergue templos ao próprio jeito de viver. A decoração que cultua a personalidade deu uma volta no austero padrão de simplicidade que os manuais de estilo martelavam nos anos 1990 - um mundo em que tudo era de palhinha e qualquer adorno merecia arder no fogo do inferno.
Do convite para uma exposição que se gruda na geladeira à peça de design clássico comprada de segunda mão, da guerra contra o acúmulo de entulho e fontes de desconforto (barulho, por exemplo) até a redução da quantidade de lixo, tudo é uma forma de elegância. Se você quiser começar a virada rumo à frugalidade, aqui estão algumas sugestões.

Reaproveitamento
Reciclar papel, plástico, metal e vidro é o básico. Mas não é tudo. Para contribuir mesmo com o ambiente em volta, é preciso haver vontade de (e métodos para) reaproveitar a maior parte do que entra em casa (latas, garrafas, sacos plásticos); de poupar água e luz; e, mais que tudo, de produzir menos lixo. Um ótimo começo é frear o ímpeto consumista.
Reformar roupas e mudar móveis de função são duas formas eficientes de reciclagem caseira. "A próxima vez que você tiver necessidade de um móvel, olhe em volta e veja se acha, na sua casa mesmo, alguma coisa que possa cumprir a função", divulga o portal americano Frugal Living Online. Se for comprar móveis de madeira, prefira peças usadas, duráveis (que possam ser consertadas), certificadas ou tratadas com vernizes naturais.

Conexão
Alguns povos orientais difundem o conceito de morar "onde não se sabe onde termina a casa e onde começa o jardim". Se não dá para chegar a tanto, podemos ao menos trazer algum sinal ou lembrança do planeta à nossa volta: pedras, plantas, água, flores, um pedaço de céu entrevisto pela janela. Também as coisas feitas à mão - um tapete artesanal, um vaso, uma rede, utensílios de cozinha -, que aquecem a casa e trazem para perto o vigor e a alegria das culturas mais simples e equilibradas. Ou, como prefere muita gente, um bicho, fonte de afeto e exemplo permanente de comportamento animal saudável.

Graça
Um arranjo de frutas plásticas, dessas recheadas de anilina e vendidas na feira, adorna a mesa da casa da artista plástica gaúcha Rochelle Costi, em São Paulo. Compradas parte no interior de São Paulo, parte em uma viagem à África do Sul, as frutas custaram perto de nada e compõem, com a toalha plástica mais comum do mundo, uma colorida ironia a enfeitar as tardes da artista. Na decoração, assim como na vida, senso de humor é mais que necessário. Ao debochar da idéia de uma decoração séria, usos inusitados e funções inventadas dão à casa leveza e graça. Um prato com personagens de desenho animado que sobrou da infância do filho vira suporte do galheteiro; um corte de chita serve de toalha; uma poltrona inflável se integra à sala; talheres e copos desparceirados põem a mesa; e uma lanterninha de festa de São João resolve o problema da lâmpada que pendia, solta, num fio. São pequenos manifestos em favor da despretensão, da ousadia e do improviso - sem os quais não há casa, nem vida simples.

Expressão
A casa é o recuo da confusão de gente e de valores do mundo lá fora. Uma de suas funções é garantir ao dono a sensação reconfortante de ser alguém com uma história, um jeito de viver, idéias, amigos, planos, manias. Para isso, ela depende de marcas de identidade. "Expressar-se no próprio espaço é direito de todo homem que tenha uma individualidade", disse o arquiteto americano Frank Lloyd Wright, um dos gurus do Modernismo. Que o fato de nem todo mundo ter sua eloqüência estética não impeça ninguém de tentar. Ainda mais agora, quando encarar a casa como um manifesto pessoal, expondo nela memórias, preferências e personalidade, tornou-se um apreciado princípio decorativo. Libertador, embora nem sempre fácil, ele convida a dar lugar a ícones e imagens significativos. Com eles, podemos tentar arranjos, exercitar o gosto por cores e formas e arriscar misturas na base do feeling. Um pouco como fazem as velhinhas com suas fotos de família e os adolescentes com os pôsteres de seus ídolos, só que com uma intenção mais declaradamente estética. Um jeito de começar é lembrar do que se gosta, o que, em princípio, não é muito difícil. Um jeito de driblar o medo, fazer testes - como pintar um trecho de parede na cor desejada e observar como ela reage à luz.

Conforto
Não é só uma cama macia para se jogar, nem um sofá velho e delicioso para ver TV (embora ambos sejam itens de mobília indispensáveis, que se escolhe mais pelo conforto proporcionado do que pelo desenho). É também a qualidade das texturas que roçam a pele (lençóis, toalhas, estofados, tapetes) e dos materiais que revestem pisos e paredes (nos dois casos, os naturais são imbatíveis). É a temperatura dos cômodos, seu cheiro, a temperatura da luz, o sol que tem de bater dentro de casa (para matar ácaros e aquecer almas), a circulação fácil (sem portas que não abrem por causa de armários ou vice-versa).
O silêncio.
Para ter conforto, é preciso reconhecer e atacar fontes de desconforto. Janelas abertas ou incenso bom para mandar embora a fritura do vizinho, colcha velha de piquê para dormir na meia-estação, mosquiteiros para enfrentar mosquitos, cor vibrante na parede sem luz e sem vida, lixo para o abajur horrendo.

Desapego
Praga insidiosa, o acúmulo de coisas enfeia a casa, desanima o espírito e embaça a vida. É um trampo achar a calça boa em um mar de médias, a carta urgente caduca sob envelopes fechados e os cacarecos que você guardou daquela viagem, em vez de boas recordações, trazem alergia. Num mundo de tempo, espaço e mão-de-obra escassos, melhor é reduzir o universo de objetos (móveis, roupas, livros, papéis, utensílios) a uma quantidade administrável, ordená-los de maneira inteligível (para você mesmo) e encarar a tarefa diária (e eterna) de mandar para o lixo o que é do lixo, sem dó, sem culpa. Com uma atitude de desapego, se estabelecem critérios para decidir o que vai e o que fica. Utilidade e significação são básicos. "Entre duas coisas com a mesma função, o que desempata é a qualidade", opina o designer Gerson de Oliveira. "Sempre tem uma que é melhor.
"Lia Diskin, co-fundadora do centro de estudos filosóficos Palas Athena, tem uma regra de ouro para manter a estante (e a alma) bem resolvida. "O livro que não abro por dois anos certamente vai começar a oxidar e não merece estar na prateleira. Então, passo adiante.
" Um dos efeitos do desapego é garantir lugar para o vazio - indispensável a qualquer casa viva e qualquer espaço que pretenda acolher a novidade. A longo prazo, é também uma maneira de preservar a saúde.
Segundo os psicólogos que cunharam o termo Clutter Stress Syndrome (literalmente, a Síndrome do Estresse do Entulho), o acúmulo doméstico agrava a depressão e é sinal de que alguma dificuldade (financeira, emocional) está sendo negada.
http://vidasimples.abril.com.br/subhomes/morar/morar_234922.shtml

Um comentário:

  1. Oi Sra. Casa Frugal,

    Adorei o post. E ler que a Debs é uma Magali. E eu sou outra, viu? Hahaha!!! Comemos um monte de coisinhas lá no evento da Redecard, foi ótimo.

    Beijão e bom feriado,

    Bela

    ResponderExcluir

Obaaa! Obrigada pelo carinho! Jajá te respondo!
Beijinhos :)

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